ASSPROM | Entrevista sobre coronavírus com a Diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis
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Entrevista sobre coronavírus com a Diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis

10:54 06 março em Imprensa, Noticias
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Em entrevista ao Jornal da Assprom, a Diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, Janaína Fonseca Almeida Souza, esclarece diversos pontos sobre a transmissão, prevenção e sintomas do novo coronavírus. Confira!

JORNAL DA ASSPROM: A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que os casos do coronavírus são uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Milhares de casos foram registrados na China e em mais de 80 países. Até agora, o que se sabe, sobre o coronavírus?

JANAÍNA FONSECA: Tudo que sabemos está disponível no site da Organização Mundial da Saúde, no Word Health Organization. No Brasil, os dados podem ser acompanhados na Plataforma IVIS. Este monitoramento é diário, uma vez que a doença muda rapidamente e a epidemia é dinâmica.

JORNAL DA ASSPROM: Como ocorre a contaminação?

JANAÍNA FONSECA: As investigações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato, está ocorrendo. Qualquer pessoa que tenha contato próximo (cerca de 1m) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposta à infecção.

É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada. Ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus se espalha de pessoa para pessoa. Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como: gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O coronavírus apresenta uma transmissão menos intensa que o vírus da gripe e, portanto, indicam menor circulação mundial. O período médio de incubação por coronavírus é de cinco dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas podem aparecer.

Dados preliminares do novo coronavírus (SARS-CoV-2) sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. Até o momento, não há informações sufi cientes de quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus. No entanto, a transmissibilidade dos pacientes infectados por SARS-CoV-2 (sigla do novo vírus) é em média de 7 dias, após o início dos sintomas.

JORNAL DA ASSPROM: Quais os principais sintomas?

JANAÍNA FONSECA: Os sinais e sintomas dos coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. No entanto, o novo coronavírus ainda precisa de mais estudos e investigações para caracterizar melhor os sinais e sintomas da doença. Os principais são sintomas conhecidos até o momento são: febre, tosse e dificuldade para respirar.

JORNAL DA ASSPROM: Apesar de no Brasil ter apenas oito casos confirmados até agora, e em Minas nenhum caso confirmado, até que ponto precisamos nos preocupar?

JANAÍNA FONSECA: A preocupação é grande, pois é uma doença nova com alto poder de transmissão e propagação. Além disso, trata-se de uma emergência de saúde pública internacional declarada pela OMS.

JORNAL DA ASSPROM: Neste momento de muita preocupação, as pessoas têm que tomar algum cuidado especial em aeroportos?

JANAÍNA FONSECA: As orientações para portos e aeroportos são as seguintes:

Aumentar a sensibilidade na detecção de casos suspeitos do novo coronavírus (SARS-CoV-2) de acordo com a definição de caso. Além disso, reforçar a orientação para notificação imediata de casos suspeitos nos terminais. Outra medida é a elaboração de avisos sonoros com recomendações sobre sinais, sintomas e cuidados básicos.

Também é importante intensificar procedimentos de limpeza e desinfecção e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), conforme os protocolos, sensibilizar as equipes dos postos médicos quanto à detecção de casos suspeitos e utilização de EPI e ficar atento para possíveis solicitações de listas de viajantes para investigação de contato.

Foram reforçadas as orientações para notificação imediata de casos suspeitos do coronavírus (SARS-CoV-2) nos pontos de entrada do país, além da intensificação da limpeza e desinfecção nos terminais, como prevê a Anvisa.

JORNAL DA ASSPROM: Muitos brasileiros compram muitos produtos importados pela internet. Há risco de se comprar produtos importados da China neste momento?

JANAÍNA FONSECA: Não! A doença somente é transmitida através do contato com a pessoa doente.

JORNAL DA ASSPROM: Por que estamos vendo o surgimento de tantos novos vírus da família dos coronavírus? E por que a maioria deles vem da China?

JANAÍNA FONSECA: Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.

Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Os tipos de coronavírus conhecidos até o momento são:

  • Alpha coronavírus 229E e NL63.
  • Beta coronavírus OC43 e HKU1
  • SARS-CoV (causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave ou SARS).
  • MERS-CoV (causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio ou MERS).
  • SARS-CoV-2: novo tipo de vírus do agente coronavírus, chamado de novo coronavírus, que surgiu na China em 31 de dezembro de 2019.

A maioria é procedente da China em razão do consumo de carnes exóticas e cruas. Há a hipótese de que o Novo Coronavírus tenha sofrido esta mutação através da alimentação de carne de morcego ou cobra.

JORNAL DA ASSPROM: Muitos países, como a própria China e o Brasil, estão adotando a quarentena como das medidas de saúde pública para tentar impedir a disseminação do vírus. A senhora acha que esta é a melhor maneira de conter o vírus? Existem outras opções?

JANAÍNA FONSECA: A quarentena, com certeza, é a melhor forma de conter o vírus. Quarentena é a reclusão de indivíduos sadios pelo período máximo de incubação da doença, contado a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local em que se encontrava a fonte de infecção. É eficiente para  cortar a cadeia de transmissão.

JORNAL DA ASSPROM: Sem tratamento específico, o coronavírus deve ser combatido com medidas de prevenção. Quais são essas medidas?

JANAÍNA FONSECA: O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão: Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os cinco momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool; evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo; limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

JORNAL DA ASSPROM: A senhora acredita que o mundo enfrentará uma nova pandemia?

JANAÍNA FONSECA: A partir do momento em que atinge diversos continentes, já consideramos uma pandemia. O momento é de alerta e exige dos profissionais muita atenção para a identificação e o isolamento dos casos suspeitos, que são pessoas que estiveram em países com transmissão local ou sustentada e apresentaram sintomas respiratórios nos últimos 14 dias.

Mais informações estão disponíveis em www.saude.mg.gov.br/coronavirus.

 

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