Lugar de mulher é na ciência, no automobilismo e onde ela quiser
‘Meninos são melhores que meninas em matemática’, ‘Mulher não entende de ciências’… Quem nunca ouviu essas ou outras afirmações que excluem meninas de diversas áreas do conhecimento e mulheres do mercado de trabalho?
Desde muito cedo, meninas são incentivadas a áreas que demandam o cuidado com outro, como assistência social e enfermagem. Diferentemente, meninos ganham telescópios e são motivados a sonhar em ser astronautas. Muitas mulheres que se destacaram em áreas como ciências e tecnologia tiveram seus feitos ocultados. Você já ouviu falar em Heidy Lamarr, Ada Lovelace, Marie Curie, Florence Parpart ou Shirley Ann Jackson? Todas essas mulheres foram responsáveis por inventos muito importantes para a ciência e tecnologia. Conheça um pouco mais sobre cada uma dessas cientistas e de seus inventos:
- Heidy Lamarr – sabe o celular que você usa hoje? Agradeça a atriz de Hollywood pelo invento do método de transmissão de sinais de rádio, o FHSS (Frequency Hopping Spread), que serviu de base para o Wifi e telefones celulares.
- Ada Lovelace – foi a primeira programadora da história e a primeira pessoa a desenvolver uma linguagem de programação como a dos computadores atuais. Ada criou a máquina de Babbage, usada para fazer cálculos matemáticos. Foi o primeiro algoritmo criado, especificamente, para um computador.
- Marie Curie – foi a primeira mulher a ter o título de doutora pela Universidade de Sourbonne e primeira pessoa a ganhar duas vezes o Prêmio Nobel. Marie, descobriu os elementos químicos polônio e rádio e, posteriormente, descobriu a radioatividade, muito importante para a medicina e outras áreas da ciência.
- Florence Parpart – quem não adora um sorvete ou um suco gelado? Em 1914, Florence apresentou a mundo a primeira geladeira elétrica. Não é difícil pensar que seu invento revolucionou a economia, a produção e a conservação de alimentos.
- Shirley Ann Jackson – foi a primeira mulher afrodescendente a ganhar PhD em física nuclear do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Diversas instituições criaram debates e ações que promovem as mulheres na ciência e tecnologia. A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A Sociedade Brasileira de Computação criou o Programa Meninas Digitais, que visa à inclusão das meninas no mundo tecnológico e digital. A L’Oréal Brasil, em parceria com a Unesco Brasil e com a Academia Brasileira de Ciências, criou o Programa para Mulheres na Ciência, que busca incentivar a entrada de jovens mulheres na Ciência.
Angélica Thomaz Vieira (foto abaixo) foi uma das vencedoras do prêmio em 2018. A professora e bióloga do departamento de imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG pesquisa as superbactérias, resistentes aos antibióticos. Ela nos conta sua história.
“Já me via como cientista, desde criança. Questionava tudo, queria saber como cada coisa funcionava e ficava fascinada com o ‘Alquimia’ (jogo de experimento para crianças). Mas, a vocação só veio quando iniciei o estágio na graduação, no laboratório de pesquisa na UFMG. Hoje, tenho quatro títulos de pós-doutora, estudei muito. Por ser mulher, encontrei e ainda encontro muitas barreiras. Principalmente, agora, como mãe. Há quem pense que depois da maternidade não somos mais capazes e que a nossa carreira pode ter fim. Quando anunciei que estava grávida, ouvi de um pesquisador a seguinte frase ‘vixe, sua carreira termina aqui, né?’. Aquilo me doeu profundamente, pois senti a falta de apoio e de empatia para com as mulheres que optam pela maternidade. Por isso, ter ganho o prêmio Para Mulheres na Ciência (categoria Ciências da Vida), foi um choque de ânimo e de energia para me mostrar que estou no caminho certo e que as batalhas podem ser vencidas! A repercussão do prêmio trouxe muita visibilidade e reconhecimento para meu trabalho e minha carreira. Acredito que o prêmio desperta o interesse das meninas para a ciência. Pois, isso aconteceu comigo, muitas vencedoras de edições anteriores do prêmio serviram de inspiração para mim. Mas nada é mais emocionante do que ver minhas alunas dizerem que têm orgulho e que desejam se espelhar em mim.”, relata Angélica.
Assim como a ciência, os esportes automobilísticos são espaços bastante restritivos para as mulheres. Helena Deyama (foto à esq.), pilota vencedora de rali, conta sua história. “Desde criança gostava de tudo o que tivesse rodas e corresse. Comecei a trabalhar com 17 anos, para comprar uma moto de trilha, que foi minha primeira paixão. Sonho realizado aos 19 anos. Foi quando decidi ter um jipe, comprado só dez anos depois, Com esse jipe, comecei a participar de ralis. Além da dificuldade financeira, enfrentei muito preconceito por ser mulher, tive de provar minha capacidade, o que consegui a partir de minhas vitórias. Fui a primeira mulher a vencer um Campeonato Brasileiro de Rally (2005), e a vencer o Campeonato Brasileiro de Rally Baja (2014) e a primeira a ser bicampeã (2016). Eu me orgulho muito de ter conquistado esses títulos em nome das mulheres e procuro incentivar ao máximo a participação feminina nos ralis. Acho que as minhas conquistas incentivam as mulheres a se arriscarem mais em qualquer área, ou na vida. Tenho recebido muitos depoimentos emocionantes de mulheres, relatando que depois de conhecerem minha história, criaram coragem para fazer coisas que sempre sonharam e nunca tiveram coragem de fazer!”
Diante de histórias de superação, a criação de projetos que dão visibilidade e ajudam as mulheres a ocuparem mais espaços é fundamental. Esse é o objetivo da produtora Navaranda. A cofundadora e publicitária Gabriela Santos (foto à esq.), nos fala um pouco desse e de outros projetos. “A Navaranda é uma produtora de conteúdo feito por e para mulheres. Em Belo Horizonte, a Navaranda é responsável pelos projetos Plano de Menina, originado em São Paulo, e Ladies, Wine & Design, criado em Nova Iorque. Cada um de nossos projetos busca inspirar, conectar e ajudar mulheres a criarem a mudança que elas querem ver nelas mesmas, nas suas carreiras, nas suas relações e nas suas comunidades”, destaca.
Sem Comentários