Matéria: A beleza não tem cor

Fotógrafo, Rafael Freire

O fotógrafo Rafael Freire nasceu na comunidade da Serra, em Belo Horizonte. É negro e dedica a maior parte do seu tempo à fotografia. É através dessa arte que ele busca expressar emoções, histórias e, sobretudo, engrandecer a beleza das comunidades. Em 2013, Rafael entrou em depressão e conheceu a arte da fotografia. Ele foi aprendendo sozinho, assistindo aos canais do YouTube, a tirar belas fotos, que podem ser comprovadas em seu Instagram: @rafaelfreiiire.

A partir daí sua vida mudou. Ele recebeu convite para ser monitor de fotografia em uma escola integrada, no Aglomerado da Serra, onde reside desde criança. Durante esse processo foram surgindo projetos e ideias e um deles foi o livro “Construindo a Paz”. A obra era repleta de imagens capturadas pelo aspirante a fotógrafo, em conjunto com as crianças que eram responsáveis por criar poemas para as fotografias do livro. E foi através de um desses textos, que Rafael foi tocado por uma realidade: “na favela não há flores”, frase redigida por uma menina de 10 anos. Ele refletiu bastante com esse poema e resolveu pesquisar mais sobre o termo favela e fez uma grande descoberta. “Favela é o nome popular de uma flor. Assim, fui associando a flor ao lugar onde eu moro e surgiu outro projeto: ‘Favela, a flor que se aglomera’. Este projeto visa mostrar as belezas que a favela possui, seja em seu ambiente físico ou nas pessoas que lá residem, onde a maioria são negros”, explica Rafael.

A proposta é levar um morador da comunidade para um dia de beleza com: cuidados no salão, ensaios fotográficos e contar a história desse participante.

Modelo Joana Jesus

Encontramos a modelo Joana Jesus, 19 anos, que também mora na mesma comunidade que o fotógrafo. Ela cita que “é um prazer trabalhar com o Rafael Freire, sempre muito atencioso aos detalhes, conceitos e tudo mais”.

Joana também fala sobre a importância da representatividade da mulher negra e da quebra de paradigmas na mídia: “Nem sempre havia referências negras na moda e no comercial. A representatividade é muito importante para mim e para uma futura geração. E hoje, ver tantos ícones referência de beleza, até mesmo premiados como a pessoa mais linda do mundo, é muito significativo para nós. Nem sempre foi assim, éramos apenas figurantes, nunca havia pessoas negras como protagonistas na moda. Hoje em dia, a minoria está sendo mais ouvida, estão dando mais oportunidades para esse grupo de pessoas na sociedade”.

A modelo acrescenta: “Podemos perceber também o aumento de modelos gordas, deficientes, negras, indígenas, em um nível considerável, quebrando os paradigmas. É claro que, podem existir empresas e marcas que querem, somente, aproveitar dessa visibilidade e lucrar. Mas, acredito que seja uma via de mão dupla. A minoria conquista um espaço importante e as empresas atingem um público alvo diferente, podendo lucrar até mais”.

PROJETO IDENTIDADE E RACIALIZAÇÃO

Pensando nessa representatividade e outras questões raciais foi criado, em dezembro de 2020, o “Identidade e Racialização”. Idealizado pela psicóloga Isabela Soares, responsável pelo projeto, na época, na Assprom, o foco principal é contribuir para que o maior número de pessoas olhe para a sua própria cor, se autoconheça e traga essa crítica racial para o âmbito social, político e histórico, sendo ponto fundamental para a desconstrução da estrutura racista no Brasil.

O projeto possui uma equipe que estuda, discute e planeja ações que visam promover a cultura negra e outros assuntos como: colorismo, branquitute, autoestima, antirracismo e o combate às desigualdades raciais presentes na sociedade brasileira.

Atualmente, a equipe é composta pela educadora social Flávia Fontenele; pelo monitor de informática, Taian Taumar e pelos adolescentes: Ana Paula Spíndola, João Mello, Bianca Rosa, Victor Mendes, Natiele Moreira e Lazzo Malaquias.

Segundo a adolescente trabalhadora, Bianca Rosa, “para valorizar essa representatividade o projeto também idealizou o Mural da Beleza, a proposta é demonstrar as representações de todas as belezas através de fotos recebidas dos adolescentes atendidos pela Assprom”.

PARTICIPE!

Se você gostou do projeto e deseja fazer parte dessa equipe ou enviar sua foto para o “Mural da Beleza”, entre em contato pelo telefone: (31) 3207-5640 ou e-mail: flaviafontenele@assprom.org.br

Entrevistas realizadas por: José Santos, Nívia, Larissa Silva e Ana Moura / Matéria escrita por: Vinícius Martins /  Edição: Larissa Alves
Revisão: Vitória e Tamirys /  Título: Ana Carolina, Bernardo e Isaque

*Página produzida pelos aprendizes que participam do Projeto Jovens Jornalistas da Assprom, em parceria com o Centro Universitário UNA